“A Vigilância Sanitária no Ceará apura denúncia de que um comércio atacadista em Fortaleza estaria vendendo tecido proveniente de lixo hospitalar importado dos Estados Unidos. Pelo menos duas pessoas procuraram o órgão para denunciar a suposta irregularidade.
O tecido deixado para análise na Vigilância Sanitária está com manchas e esparadrapo. O retalho também contém a inscrição do Department of Veterans Affairs (Departamento de Veteranos da Guerra, uma instituição de saúde norte-americana). No tecido, há uma advertência de venda proibida.
A inscrição é a mesma encontrada em parte do lixo hospitalar apreendido em Pernambuco pela Receita Federal, nos últimos dias. Algumas lojas que vendiam o material chegaram a ser interditadas pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa).
Uma das pessoas que fizeram a denúncia conversou com O POVO. “Minha mãe faz pintura em tecido e uma amiga indicou que ela comprasse (os retalhos) nesse local, que era mais barato”, conta. A família foi até o comércio atacadista e comprou o tecido, vendido a R$ 3,50 o quilo. A compra foi realizada há mais de um mês.
Embora já tivesse notado as manchas, a mulher só percebeu que poderia se tratar de algo irregular ao assistir na TV uma reportagem sobre o lixo hospitalar vendido em Pernambuco. “Ela assistiu ontem (terça-feira) a matéria e a gente resolveu denunciar”, comenta o filho.
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) vai encaminhar o tecido para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), que irá analisar se a mancha no retalho é sangue. “Foi aberto um processo. Vamos mandar esse material para análise e tentar saber qual a origem dele”, informa a coordenadora de Vigilância Sanitária da Sesa, Gerarda Cunha. Não há um prazo para que o laudo fique pronto.
Se for necessário, será solicitado apoio da Receita e da PF. Ontem, uma equipe da Vigilância Sanitária foi até o comércio atacadista fazer uma vistoria no local. O laudo de inspeção diz que, na loja, “não foram encontrados indícios de importação de tecidos provenientes de hospitais (lixos hospitalares) dos Estados Unidos”. Mesmo assim, as investigações continuam.
Na tarde de ontem, O POVO foi até a sede do comércio atacadista e conversou com os proprietários. Eles confirmaram que a empresa importa tecido dos Estados Unidos, mas negaram vender lixo hospitalar. “A gente importa dessa empresa (norte-americana) há 11 anos. Nunca tivemos nenhum problema”, afirma um deles.
O tecido que a importadora compra dos Estados Unidos chega ao Ceará em navios, dentro de contêineres. “Acontece de vir com mancha, mas é graxa ou um sujo que pega durante o transporte até aqui. Tem nada a ver (com lixo hospitalar”. Quando chega assim, o tecido é vendido por um valor menor.”
(Eliomar de Lima)
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